A memória persegue meus rastros.
Por onde passo ouço os contos,
suas teses, teus reflexos.
Nas paredes brancas do corredor,
marcas das vozes,
ausências que o tempo não levou,
vestígios de um tempo que não passa.
Ações sem amor,
beijos sem pudor.
Os traços e os rostos ficam.
Caminhamos ao som de procurados que querem e procuram,
e procuram...
e encontram
ou não.
A lua deixa marcas
e a noite revela detalhes imorais.
Os olhos derramam sedução
que escorre rubra manchando léguas de juízo perfeito.
Com aqueles olhares gêmeos
que dificultam o óbvio
e que não dão tréguas.
Já não se tem a medida da ilusão,
pois aquelas palavras,
versos
e nomes vãos
convencem e trazem danos profundos
e lendas imaginárias.
Ficamos à vontade com o vazio das esquinas,
com o consolo da dor,
com a desordem das manhãs
e com tudo que fica da tarde.
Longa-metragem inacabado,
cicatrizaes do orgulho,
suor por entre os corpos,
admirável monotonia.
E falam,
e contam,
e ouvem,
se calam.