terça-feira, 12 de agosto de 2014

Seca


Em um exercício de palavras itinerantes
percebo outros caminhos se encontrando com os teus,
fazendo com que se percas em atalhos.
Enquanto vive, engendra
formas obtusas de se encontrar
tentando tanto não se perder.
Como uma vela, em meio a pensamentos apagados,
as palavras nada constroem.
São tão inexatas quanto seus projetos.
O presente nem sempre é soma. Agora divide.
Encontre vida na imaginação!
Em terra seca, letras são como tempestades:
fascinam tanto quanto destroem.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Suspenso

Os dados foram jogados, mas nunca chegamos a ver o resultado. Eles não caíram.
Surpreende-me o barulho no celular e a caixa de diálogo. Respirei.
Pensei em tudo e em nada e me dei conta do quanto senti falta de ter os dados na mão. 
E percebi o quanto eles pesavam.
Olho para o lado e sorrio. Estou mais leve. Mais feliz. É tudo tão mais simples.
A luz incide sobre a mão que descreve um arco perfeito até a mecha solta, agora devidamente presa atrás da orelha. O sorriso que aparece aquece o gelo que se formou automaticamente.
Tenho o necessário. Sem terceiros andares e labirintos. Tenho paz. Reservada pelos dados que mudaram de cor continuamente e hoje são transparentes.
Respeitei e engoli toda a humilhação.
 Essa não foi minha escolha.