quarta-feira, 8 de abril de 2009

Os Feridos


Dancemos as danças dos loucos

girando cirandas e aos poucos

cairemos na própia loucura

quebrando as cabeças, fraturas

que sempre estiveram presentes

fantasmas, flagelos dormentes.

Pisemos nas poças mais sujas

girando, e o dançar sobrepuja

camisas de força dos homens

tão sérios, maduros que somem

na massa de peso do mundo,

seremos melhores, vagabundos.

Dancemos a própria desgraça

tampemos com grades, mordaças

correntes de riso, cantemos

matemos o iso e seremos

os lobos nos campos gelados

caçando na noite, indomados.

Na dor, choremos tão perto

na dor abraçados, cobertos

na força das unhas que entrando

na pele e na carne passando

rompendo pedaços de nós

sabendo que estamos tão sós.

No peso do mundo riremos

tentando tampar em um esmo

que tanto de corda nos dá,

porém, nem sabemos se há

motivo que cause os efeitos

de tantos tormentos no peito.

Que gritem e chorem e dancem,

se somos as vitimas, dane-se.

As chagas, os sóbrios nos dão

culpados de tudo que são.

Vaguemos perdidos em ordas

banidos, bonecos sem cordas.

Vaguemos: os quadros manchados,

meninos selvagens e os ratos,

romances violados, senhores

de mundos sonhados, horrores

em traumas, uns tais esquecidos,

mendigos.Em suma, os feridos.

Pois, todas as chagas que temos,

que deixam sequelas profundas,

é culpa dos sóbrios, na imunda maldade dos termos.