quarta-feira, 22 de abril de 2009

"Já Amou?"


Conversando com o meu melhor amigo, Ted, ele me fez a seguinte pergunta:

- Se ama quantas vezes na vida?

E completou:

- Não estou falando em tesão ou desejo.

Pensei e respondi, usando a minha forma de encarar o amor:

- Já amei tantas vezes que perdi as contas. Amei de dia para esquecer a noite. Amei de noite para esquecer o dia. Amei alguns que me esqueceram. Amei outros tantos que nunca esqueci. Amei perdidamente, superficialmente. Amei simplesmente e também compliquei meu amor várias vezes. Amei sozinha e também fui amada. Amei muitos e a um só alguém. Amei tanto que odiei. Amei tanto que matei o meu amor. Amei de mais e de menos. Amei de chorar de tristeza e de felicidade; às vezes, simultaneamente... Acho que se pode amar de muitas formas, mas não se pode deixar de amar.

Em tom indignado, ele afirmou:

- Você nunca amou!

Sem hesitar, fui logo respondendo:

- Amei. Dentro de mim, era amor, ainda que ninguém entenda. Para mim é amor e amei a todos. Um amor do meu jeito. Se ele não é bom para você, nada posso fazer. Ele é bom para mim. Acho que é assim: cada um tem seu jeito de amar. E esse é o meu. Sei que pode ser o modo errado, mas quem pode afirmar que o seu é correto? Ninguém pode afirmar absolutamente nada quando se trata de amor! Não tem fórmula. Sente, vive e ponto.

Então, ele continuou:

- Amor acaba?

Pensei... balancei:

- Não. Ele se transforma em outra coisa: em ódio, amizade, em passado de saudade; às vezes, em vazio. É difícil quando vira vazio... não tem como preencher. Não dá para colocar alguém do nada; na verdade, não dar para pôr. No máximo, dá para pular o vazio e começar um novo amor sem esquecer daquele. Como casinhas coladinhas uma na outra, mas com coisas que a primeira edificação já não tem. O amor tem a capacidade de ficar quietinho esperando para doer ou reacender-se depois. Mas, morrer e ser enterrado... Ah, acho que isso não dá!

Me olhou nos olhos, fez um pouco de silêncio inquieto e mandou:

- Amar dói?

Respirei fundo e, sorrindo com os olhos cheios de lágrimas, respondi:

- Dói muito!

E pensei nos meus amores doloridos do passado e nos que faltamente virão. Perdi-me em meus própios pensamentos, revivendo coisas boas e ruins, amores vivos, latentes, mortos...

Em alguns minutos, encontrei o meu primeiro amor e sorri. Suspirei pensando no atual...

E despertei de minha viagem com a próxima pergunta dele:

- Então, por que se ama?

Acompanhada de todos os meus amores, com seus cheiros, sabores, cores, canções, poemas, histórias, gemidos, gritos, sussurros, silêncios, lágrimas, risos, mistérios, declarações, cantei:

- “Por que sem amor, eu nada seria.”

E por fim, ele disse:

- Eu te amo!

Sorrindo, respondi:

- Eu também te amo!