Conversando com o meu melhor amigo, Ted, ele me fez a seguinte pergunta:
- Se ama quantas vezes na vida?
E completou:
- Não estou falando em tesão ou desejo.
Pensei e respondi, usando a minha forma de encarar o amor:
- Já amei tantas vezes que perdi as contas. Amei de dia para esquecer a noite. Amei de noite para esquecer o dia. Amei alguns que me esqueceram. Amei outros tantos que nunca esqueci. Amei perdidamente, superficialmente. Amei simplesmente e também compliquei meu amor várias vezes. Amei sozinha e também fui amada. Amei muitos e a um só alguém. Amei tanto que odiei. Amei tanto que matei o meu amor. Amei de mais e de menos. Amei de chorar de tristeza e de felicidade; às vezes, simultaneamente... Acho que se pode amar de muitas formas, mas não se pode deixar de amar.
Em tom indignado, ele afirmou:
- Você nunca amou!
Sem hesitar, fui logo respondendo:
- Amei. Dentro de mim, era amor, ainda que ninguém entenda. Para mim é amor e amei a todos. Um amor do meu jeito. Se ele não é bom para você, nada posso fazer. Ele é bom para mim. Acho que é assim: cada um tem seu jeito de amar. E esse é o meu. Sei que pode ser o modo errado, mas quem pode afirmar que o seu é correto? Ninguém pode afirmar absolutamente nada quando se trata de amor! Não tem fórmula. Sente, vive e ponto.
Então, ele continuou:
- Amor acaba?
Pensei... balancei:
- Não. Ele se transforma em outra coisa: em ódio, amizade, em passado de saudade; às vezes, em vazio. É difícil quando vira vazio... não tem como preencher. Não dá para colocar alguém do nada; na verdade, não dar para pôr. No máximo, dá para pular o vazio e começar um novo amor sem esquecer daquele. Como casinhas coladinhas uma na outra, mas com coisas que a primeira edificação já não tem. O amor tem a capacidade de ficar quietinho esperando para doer ou reacender-se depois. Mas, morrer e ser enterrado... Ah, acho que isso não dá!
Me olhou nos olhos, fez um pouco de silêncio inquieto e mandou:
- Amar dói?
Respirei fundo e, sorrindo com os olhos cheios de lágrimas, respondi:
- Dói muito!
E pensei nos meus amores doloridos do passado e nos que faltamente virão. Perdi-me em meus própios pensamentos, revivendo coisas boas e ruins, amores vivos, latentes, mortos...
Em alguns minutos, encontrei o meu primeiro amor e sorri. Suspirei pensando no atual...
E despertei de minha viagem com a próxima pergunta dele:
- Então, por que se ama?
Acompanhada de todos os meus amores, com seus cheiros, sabores, cores, canções, poemas, histórias, gemidos, gritos, sussurros, silêncios, lágrimas, risos, mistérios, declarações, cantei:
- “Por que sem amor, eu nada seria.”
E por fim, ele disse:
- Eu te amo!
Sorrindo, respondi:
- Eu também te amo!