sábado, 12 de setembro de 2009

Eterna Fronteira

Que a perigosa fronteira
Entre felicidade e morte em vida
Permita-me defrutar deste singular estado desconhecido.
Embora ainda incompleto,
Sinto um pouco de vida externa querendo pulsar.
Esta vida chama-me para a luz, embora uma luz fraca
Enfadonha e sonolenta.
Uns primeiros raios penetrantes revelam a desordem conseguida:
O desleixo por tudo que não seja nada além de ti.
Os olhos ainda ardem pela sentença imposta;
As mãos permanecem trêmulas como um frágil ramo ao vento.
Todos os ciclos dos sentimentos amarrados por tua essência.
Permanecem em voltas completas, apesar de algumas emoções corroerem as bordas.
As passagens entre as suas visitas e ausências ainda sufocam.
Um íntimo impulso perdura incessávelmente e alguns pensamentos induzem
O renovar de algumas esperanças.
Triste contemplação...
É tua distante aura de névoa.
Meus braços ainda anseiam por guardar-te
Na mais absoluta certeza de felicidade.
Clamo em silêncio
Por algo maior que não compreendo.
Simplesmente estar em teus olhos
E permanecer na mais eterna totalidade do Ser.

Amável Pássaro

Eu era apenas uma garota de sonhos.
Tinha um pouco de luz nos olhos e sorriso fácil.
Corria pela alameda cinzenta,
Fazendo apostas pueris para chegar.
Imaginava vidas lá fora, filmes de fantasia...
Até que te encontrei...
Um pássaro machucado,
Com asas aparadas por alguém, ou por si mesmo.
Olhos profundos, esquivos,
Mas perfeitamente legível para mim.
Então, não resisti.
E comecei a traçar sonhos, correr menos,
Esperar saídas.
Senti uma vontade incontrolável de proteger-te.
Estar, somente.
Busquei por caminhos que levassem meus dedos aos teus,
Tremi sem ar; tua barreira cinza frenou-me.
Mas te encontrei, então.
Não ousava mais voar; um medo traumático.
Tentei me convencer de um pressentimento;
Sensação conhecida.
Arriscar era a única escolha; e ela foi tomada.
Poesias e gestos, esperas intermináveis.
Esperanças douradas... puro devaneio.
A barreira agora é negra, nefasta.
E amputou-me os braços:
Doce e cruelmente.
As lágrimas da menina brandaram à escacez.
E agora, sou a menina amputada,
Fria como granito branco.
E tu começas a bater tuas asas, sem ameaçar voar...

Entrega

Separa de mim essa idéia.
Deixe de alimentá-la se não pode vivê-la.
Mata. Ceifa de vez.
Faz-me sentir a demasiada dor da desilusão. Profunda. Tirana.
Os estilhaços dessa quebra serão mais que perenes.
Os caminhos jamais de aprumam, afogam os sentidos.
Ou se preferires, se agradar teu coração,
Responda aos meus anseios, compartilhe teu sossego.
As palavras que já escritas esperam lacrimosamente.
Entrego, singela, minhas lágrimas,
Uma menina crescida
Com sonhos e anelos, medos e vontades.
Da-me a paz doce de tua companhia ou a paz amarga de teu desprezo.
Mas não a terrível luta de meus pensamentos.
Espero, assim.

Dias Infinitos

E esse sonho que não passa...
Dói e dói.
Aperta tanto que esvairece.
Marca, apunhala,
Castiga com desprezo e repúdio.
Desvia, chantageia sem verdade.
Emudece o olhar e as palavras.
Escurece o pensamento, já confuso em demasia.
E essa dor que não cessa...
Aperta mais do que poderia.
Junta a tormenta e o desalento,
Mostra a crueldade da emoção.
Martírio da alma, de seu projeto inacabado,
Fruto da razão.

Músicas Noturnas

Dos mais rebuscados sons brotam, às vezes, respostas silenciosas; incitam os sentidos na direção interna. Peuqenos movimentos iniciam-se, produzindo passeios por épocas imemoriáveis de saudades. Estalos de medo ofuscam os reais sentimentos e o breu aprisiona a expectativa. Prezada quietude, quase impossível. Resposta definitava ao tudo. O abandono das correntes promete uma razão clara, mas os braços incapazes fraquejam e prendem-se. Permanentemente escassos, sentidos de nada escapolem pelas decisões abruptas. Marcas tão profundas que se transformaram na própria face. Um reflexo turvo das medidas erradas forjadas nas quedas. E os sonhos nem ousam a mandar novas esperanças. Somente esses sons das árvores perduram nos sentidos centrais amenizando as ilusões.