sábado, 15 de dezembro de 2012

Volte

Volte como os traumas naufragados
pela trama velha que esmaece.
Para os nossos sonhos ofuscados
volte como o dor que fez a prece.
Volte como a volta de um passado.

Festa

nesta festa cega e insandecida
tudo grita em alvoroço
para levar o que lhe afronte

a identidade destruída
soa como caos, liberdade
na doçura das dores parasitas
tudo muda tudo arde
só resta em si fertilidade.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Desenho

São os segredos
Da alma
Que me incomodam
Mais...
Às vezes
Não são iguais
Nunca falamos 
Tentamos embuçar
O porque
Da covardia
Se a vida
Que deu guarida
Agora diz proibida
E pode te condenar

Então vamos

Paliar
Esse sentimento
Estranho
De imenso
Tamanho
Agora imerso
Contido
Nas lagrimas
Desses meus versos!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Aprendi

Aprendi a ler as urgências da pele
As palavras dos olhos
Para navegar tristezas absurdas e silenciosas
Que eu esqueceria com o tempo
Entendi palavras soltas

Entediadas
Esquecidas e perdidas
Nos mapas que meus pensamentos desenharam
No vão das coisas permanentes
Aprendi a entender a ausência das estrelas vadias
Estampadas em breu dourado
De um dia qualquer
Aprendi a desaprender
A esquecer
Todas as noites vazias
Que dançam nas minhas saudades

Fugaz

Necessitava sempre de companhia, afeição, carinho; doses diárias de loucura. E acima de tudo, de uma musa. De preferência que lhe fosse inalcançável e burra; manipulável. A dona dos sentimentos imutáveis; congelados para sempre dentro do peito. Aquela por quem seu amor era eterno — como a musa anterior, e a anterior a ela, e assim sucessivamente — bom digamos que sim. Eterno de maneira fugaz. Percebeu então que não deveria mais alcançar musa alguma, pois estas, de tal forma, perderiam seu posto de musas e ela, oh pobre, perderia sua inspiração, conjectura elaborada pela própria após vários fracassos e mortes. Maldita! Por que não pode apenas continuar sendo bela e misteriosa? Mas dessa vez, encontrou sua musa definitiva. Longínqua, bela, misteriosa; inexistente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Deixe


que seja a vida a consumir-te 
e não o seu lado mais sombrio
a tristeza
deixa fluir o que te anima e vais reparar 
que o TODO vale realmente a pena...

deixe sair as palavras
sejam elas orais
escritas
ou gestuais
Suba em cima de um banco
bem no meio de uma multidão
e fale
e deixe que o que reténs
seja partilhado
e de toda gente tal
seja mais uma opção

a opção de se poder
e querer ouvir todas as vozes
mesmo as pequenas
e não somente as maiores

deixar que o pensamento siga o seu livre curso
tentando opor a este o mínimo número possível de barreiras
reparando então
que por vezes concordamos com determinadas ideias
que nos eram estranhas
ou hostis
antes de as ouvirmos realmente
antes de experimentarmos
deixe que te conte algo
e só depois opte
se fica ou não...

deixe... simplesmente deixe...

Pediste-me


Para entrar
No teu Reino
No teu Templo
Sem sequer eu autorizar
Navego no meio das trevas
O meu mau elemento
Sem saber
Se a tal
Pertenço

Pediste-me


Numa altura
Da mais pura intolerância
Os outros não me compreendem
Eu não compreendo os outros
Mas não sei
Se tal
Ao fim ao cabo
Tem real importância

Pediste-me

Amor
Quando no meu coração
Habita
A pior das dores
Tenho um medo de perder
Pelos demónios que me consomem
Que me poderão levar
Para sempre
Para longe 
Por tudo
Por nada
Porque sou um anjo
Diabólico
Porque
Fizeram-me assim

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Castelo de Fumaça

No castelo que eu quis viver,
Construído com cinzas de cigarro,
Nas falas que você não quis ter,
Fiz fumaças e estragos.
Nas coisas que sonhei com você,
Fiz de ódio ordinário.
A crescer no peito, que pregado, tende a enlouquecer.
No brilho vagabundo das lanternas de promessas,
Nas juras incontidas na nicotina dos lábios.
Eu fiz vários planos, fiz vários fracassos.
Até a hora de moer tudo com as mãos.
No porão que virou meu quarto,
Nem o Sol resolveu me ter.
Pra quê brilhar a um sonho moribundo?
Nas muitas esperanças retalhadas,
De lágrimas espessas, de desarmo acuado.
Nas horas vagas em que recordo,
Rasgo a garganta e cravando no desejo amortecido.
Mordo com força teu lábio, e ejeto de todo o ar comprimido.
Vou assassinar você um dia a mais.
Enquanto esse desejo viver,
Hei de te fazer morrer em mim.
Mesmo sem querer parar, sem parar irei te fazer partir.
Até a portas dos fundos das minhas costelas moídas.
Até o pó dos ossos queimados e vivos.
Nem uma gota da sua fumaça queimará naquele que te amou,
Mesmo no fim não tendo o que não tendo quis.


by: Nathani Valvazori

Concorrentes Paralelos

A janela, sempre a janela.
a porta da vergonha alheia,
Em um sorriso em morte, que a dor por certo permeia.
[Onde o coração em esgarço a dor fez teia?]
Uma morada de ratos, de fatos em meia.
Que sob o efeito de discurso,
O manto diáfano de engano presenteia.
Brilhando em uma constelação luminosa, 
presa no seu arco e sua íris lacrimosa,
Na demência dos seus olhos; 
Há falta de verdade exposta, 
nas sem poucas palavras dos pressupostos de-votos. 
Não há mais desejo e nem dom algum.
No estro sem esteio, pego e solto sem um reio.
Há dor e o brilho que desprendem a ponta dos dedos.
Paralelos concorrentes,...
Que paralelam das fontes (com) correntes em beira.
Na devassa calma há dor estrangulada e doente.
Fingindo pintar Sóis sem vida,
Fingindo brilhar na morte de transição ponto-de-partida
Antíteses do desgosto alheio.
Dançando o Réquiem da vida,
Que não vivendo mais persiste em viver,
Na luta maluca de cacos que brotam... na garrafa, na areia.
Há ainda uma luta que não luta mais em meu peito.
Dois personagens tristes gozando de uma trama,
Na lama, na cama, na cana do apodrecer de dentro.
Como duas luas competindo o espaço de um céu imenso.
Como dois cães que ladram e mordem,
A loucura briga com o que resta.
Concorrendo ao paralelo... Com correndo, Correndo.
Para alelo, para o alelo, farelo...
Correndo o alelo.
O DNA da loucura em mim.


by: Nathani Valvazori

Orgulho e pragmática Du-vida

Eu escrevi na sua íris o meu beijo, minha partida, minha batida, meu zelo.
Na palma da sua mão minha vontade, minha saída. 
Em seu corpo meu jeito.
Porque mente tanto?
Eram apenas seis quando jazia a luz dos raios e da manhã.
Quando na minha boca era fato amargo, 
Que não havia mais boca para beijar aquilo que não fosse seu.
Quando vez em quando sentia por alto teu perfume (in-sentido).
E nas nuvens brincalhonas via teu rosto, teu gosto e teu cheiro vindouro.
Longe de mim querer a mais.
-Maior desejo de estrangulá-lo não há.
Quando peco querendo demais, o que a mais não há a mais.
As lágrimas caem salinas na saliva que venenosa desprende.
Há alguns metros de história que vontade havia de você não viver.
De não chorar tuas lágrimas no algodão e no travesseiro, 
Que úmidos recendem tantas dores defuntas.
De não arrancar pedaços dos cacos de mim.
De não cortar retalhos dentro das minhas retinas drenadas, 
Novamente inundadas que reproduzem sua dor.
Vivendo em par, orgulhosa, maliciosa, envenena e mata tudo que vive.
Devastando e apodrecendo por fim o resto do que não resta em mim.


by: Nathani Valvazori

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Vazio e-terno

Nos lugares que esteve cansou-se de ver pessoas vazias e copos cheios. Egos inflados com nada. Vidas repletas de pose, de posses; de pêsames. De hábitos e hálitos, balbuciando ordinarices de outrora, de agora. Ações premeditadas ou por impulso; pulsos cortados, laços quebrados. Enquanto no rádio não mais notícias de sua amada. Onde andarás? Pergunta-se, aflito e afoito. Quase oito, melhor partir. Tarde demais. Vazio e terno à mão, rumando em direção à estação. "Um bilhete só de ida pra lugar nenhum, por favor".

Ópio

Eu tento rir. Dos meus erros e das coisas fúteis que ocorrem. Mas não é sempre tão fácil. Eu me irrito com essa fragilidade. Com esse desejo de ter tudo e a realidade de nada ter. Nadando em poças de água. Tentando chegar ao outro lado do manguezal. Deitado no meio de uma plantação de papoulas; ópio em meu ser. A solidão a caminhar comigo, lado a lado, como fôssemos velhas amigas. E somos. Como vai? Vou bem, respondo-lhe. Passou muito tempo desde que a encontrei; a rir de mim, enquanto caminhava chutando as pedras em meu caminho. Buscando respostas para aquilo que eu nem sabia o que era, ou se foi um dia. Eu não sei o que me fez e o que me faz mal; apenas o que me faz bem. E eu sigo buscando cada vez mais o que me faz bem, sem saber onde encontrar. Talvez esteja em mim, ou no fundo de um copo de bebida — alguns dias até está — ou numa tarde qualquer a caminhar com o sol se pondo vermelho. Tranquilo e sereno. Como era para ser. Como fui chegar até aqui? Não me lembro. Bastou-me apenas uma escolha errada pra desencadear esse efeito dominó. A tarde se vai arredia, convidando a noite a chegar. E o ópio que me faz chegar até o outro lado daqueles muros já não me satisfaz. É preciso sempre mais. Sempre mais.

Tola

Minhas palavras trafegam desgovernadas
de encontro a tua subversão,

tentando dizer em plena persuasão
o que é ou não em vão.

E o único vão que ocupo
é o que me leva ao chão
pela tolice que me domina
quando não decifro
o teu inverso demonstrar de razão.

Sei que pedes o entender
mas meu entendimento não brota
no solo improdutivo da minha imperfeição.

O que não quer dizer que eu não sinta,
por mais que a minha insensata tolice reclame.

Pensamentos (ir)reversíveis

E por mais que doa; e dói. 
Doo-me mais e mais e,
Amo com todas as minhas forças. 
Não desisto do amor.
Não há motivos para me afastar ou fugir. 
Só se for pra fugir com seu coração.
E fazer morada dentro dele.

Ex-perança

Nada é como antes.
Nada será como antes. 
Impossível.
Copo quebrado;
vidros espalhados pelo chão encardido. 
Não mais um coração. 
Partido em mil, jamais será o mesmo. 
E ainda se o for novamente, 
não mais sentirá como antes. 
Cisma de outrora a lhe perseguir, 
a lhe repartir os sentimentos. 
Cortando a carne como navalha enferrujada.

Nos céus era possível avistar uma nuvem

exibindo-se  em dança de amor e de graciosidade. 
Sentiu certa inveja por um tempo. 
Enquanto olhava aquela nuvem a bailar,
Pensou querer pra si aquela calma. 
Aquela beleza em forma de coração. 
Pra quem sabe, restaurar seu próprio
Músculo Pulsante 
De uma vez por todas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Decepção



Às vezes a vida nos apronta...
Então, ela chega bem ligeira
E quando menos se dá conta,
A decepção é a companheira.

Se instala pedindo licença,
Dizendo ser sábia conselheira.
Reavivando com sua presença
Velhas intuições bem certeiras.

Nos mostra que os desenganos
Permitimos quando carentes.
Sem olhar debaixo dos panos,
Nos deixamos levar pela corrente.

Quantas vezes antes dela chegar,
Sentimos que algo está errado.
Alguma coisa fora de lugar
Mas insistimos pondo de lado.

Assim, não é a vida que nos apronta
São os devaneios e a teia de ilusão
Permeados de desejo e ânsia tonta
Que abrem morada à decepção.

domingo, 28 de outubro de 2012

Em um só verso

Pesadelos de tempos apagados,
encobertos de tantos cobertores,
são batalhas com feras e horrores,
de milênios de prantos abafados,
e afogados nas ondas e na areia,
de centenas de metros que conservo,
sendo tudo esquecido em um só verso,
semeado em um trato que permeia.

Duas almas singelas e verdadeiras,

uma desejo, mas apenas observo,
serão sempre retidas em um só verso,
congeladas no fundo das minhas geleiras.

Fuligem


Fuligem cresce no peito. No meu peito.
E o céu no azul do horizonte se enfraquece,
a treva forma, por fim, a tempestade
sem chuva e vento num quadro que esvanece.

Saudades sinto de um mundo embalsamado
nos livros mortos, nos livros das estantes
no canto vago do quarto de dormir,
no vago tempo que lembro-me distante...

Fuligem cresce no peito, no meu peito.
E o vento sopra o meu rosto que tão pálido
só serve a um fátuo rapaz sem destino
que rege os sonhos, romances, livros tácitos!

Livros tácitos, sonhos e os romances,
mas quem me dera o segredo das pessoas...
Se caso houve-se, quem dera, minha chance
de um anjo enfim eu roubar do paraíso.

Fuligem cresce no peito, não falei?
E enfim só sei que em meu caso o meu remédio
é simples como um desenho de criança,
só uma moça tirar-me do tédio...

Mãos Cansadas

As minhas mãos cansadas,
de descrever as coisas,
só querem ser mais reais.

As minhas mãos exaustas,
querem tocar sua boca,
querem ser mais... normais.

Pois só descrevem coisas,
e letras não são reais,
são coisas fantasiadas.

As minhas mãos cansadas,
odeiam viver de estórias,
querem ser mais... iguais.

A vida tão merencória,
daqueles que nas letras
morrem sem mais nem menos.

As minhas mãos, ao menos,
querem ter a notória
sina de serem mais.

Querem tocar sua boca,
não descreverem coisas,
querem beijar... seus dedos.

Fábula

Olha o mundo num olhar tão distante...
Sonha alto como um pássaro preso,
em gaiola num abismo profundo
com o céu lá alumiando em desprezo.

Olha as nuvens navegando letargas,
tais gigantes de existência tão breve
já viveram mais da vida e do mundo
que o perdido em gaiola não vive...

Olha estrelas lá brilhando no alto,
são as alminhas penduradas no breu.
Porém delas ele entende, compreende
pois no abismo também se perdeu...

Ele assiste cá de baixo as estrelas...
Elas assistem lá do alto o perdido...
Como espelho que quebrado em pedaços
tem mil olhos por luzir refletidos...

Ele as ama por saber, na empatia,
do que passam. E as estrelas também,
pois são ambos nesse mundo pregados,
lá fardados a existir sem ninguém...

A assistir um universo completo
a dançar... Por dançar em suas frentes
se mostrando colorido e diverso
fractal tão natural e demente...

Nos opostos de seus mundos vigentes,
as estrelas e o perdido se vêem,
e bem sabem a que mundo pertencem
e se amam no fadar que contêm...

Como eu cá contigo minha amiga,
eu te amo por saber... por passar...
Por problemas qu'eu também fui conter,
mas não sei se no fundo seu olhar...

Bem... É como  do perdido e as estrelas:
Que no fim, é só um maluco a sonhar
ser amado por um mundo distante
só de hélio incandescente a queimar!


(Só porque aprendi a rimar!)

Despertar


Um talo não há de me despertar

Já que alguém apareceu ofertando Jazz.

Acabou a vertigem de bondade


E a desgraça virou encanto.

Dois anjos tortos em mendicância


Tentando reparar uma velha vitrola.

E adianta um milhão de palavras

Que levam do vazio ao perdido?

Tive medo de algo inevitável,

De tempo impreciso,

Que vaga nas cabeças falantes.

E que lhes foi ofertado sem mediocridade

No cigarro compartilhado à distância

Na risada à mesa do mar.

O resto...

Ah!

É dor espetada na ponta do anzol!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Força

Há uma força dentro de mim
mas não sei dizer o que é.
Há algo dentro de mim
que me mantém em movimento,
que me empurra para frente,

sempre e sempre.
Mesmo quando estou em trevas
mesmo quando estou em lágrimas
sufocada,marcada,rejeitada.
Já não sinto meu orgulho;
ele está tão frágil quanto as asas da borboleta.
Já não tenho braços,
pois de tanto tentar,eles foram cortados.
Já não tenho pernas,
pois de tanto buscar meus sonhos
elas foram arrancadas pela realidade.
O que tenho
é apenas um coração amargo
com lembranças tristes;
uma alma mergulhada em tristeza e lágrimas
que já possui dificuldades em sustentar meu corpo.
Mas há algo dentro de mim
que me mantém vivo.
Talvez seja a Vontade,
com seu motor incansável,
talvez seja a Esperança
com suas palavras confortantes,
ou talvez seja a Força
que nunca deixa seu hospedeiro desistir.
Talvez sejam todos eles juntos.
E é por isso que estou aqui,
escrevendo essas letras
enquanto choro;
pois ainda tenho forças.
Não há tempo para parar e chorar
e fazer lamentações;
é preciso lamentar e chorar
ao mesmo tempo em que se anda para frente.
Pois no mundo,apenas são vencedores
aqueles que conseguem continuar,
mesmo com feridas,com dor
e com lágrimas.
E há algo dentro de mim
que me mantém viva,
que me mantém andando
que me mantém lutando.
Sempre em frente!

Quando tudo passar!

Não vire o rosto assim,
sei que algo está errado;
não minta para mim
pois a tristeza que estava escondida
agora faz ninho em seu rosto
e lhe impede de sorrir.
Não pense que vou embora
e lhe deixar sozinha
em meio a tempestade;
isso não seria justo.
Sempre andamos juntas
e não será agora,
nesse teu momento de fraqueza,
que irei lhe abandonar.
E quando tudo passar
lembrarás do dia
em que lhe dei meu abrigo
e lhe revivi com a esperança e alegria.

Mais uma vez.

Sombras

Faz tempo que estou aqui,
olhando o abismo.
Há algo que me impede de pular,
de ir embora.
Há tempos viver tornou-se apenas um fardo.
Não tenho o que quero
não sou quem quero ser
não estou aonde quero estar.
As vezes perco a vontade de falar.
Estou encolhendo.
Em alguns momentos
percebo a vida escorrendo entre os dedos,
quando levanto para trabalhar
para estudar
para fazer o que faço apenas por sobrevivencia.
Mas para uma existencialista,
viver apenas não é o bastante.
Aos poucos,
percebo que sou uma colher
sendo usada para abrir uma porta;
fora do seu contexto
do seu lugar certo.
E se em algum tempo
eu não for para o meu lugar,
não haverá motivos para estar aqui.
Em todos esses anos
fui apenas uma sombra;
e se continuar assim
irei parar de resistir
e pularei no abismo.
Não estou feliz por escrever estas linhas
mas faz tempo que estou gritando por dentro.
Talvez,sejam estas as ultimas linhas.

Reencontro



Tão calmo
Tão escuro
Vento que tira meu calor
E expulsa a minha certeza
Solidão que me mantém viva
Porém, latente, me tira a vida
E foi embora
Perdeu-se na poesia do próprio sentido
E dispersou os olhares impacientes
Mergulho no inconsciente para esquecer
Para descansar para pausar a vida
E refletir sobre o que foi e o que será
Sei que se escolher a esquerda  serei alvo de injúrias
Se escolher a direita serei alvo de críticas
Se for para cima serei apedrejada
Se for para baixo serei alvejada
Todo aquele que baseia seu ir e vir
Seu ser e não-ser
A partir dos olhares dos outros
Acaba perdendo a si mesmo
Encontrei-me quando perdi os outros
E me deixei levar pelas linhas do escrever
E encontrei descanso dentro do meu pesar
Do meu refletir e do meu amar.