Necessitava sempre de companhia, afeição, carinho; doses diárias de loucura. E acima de tudo, de uma musa. De preferência que lhe fosse inalcançável e burra; manipulável. A dona dos sentimentos imutáveis; congelados para sempre dentro do peito. Aquela por quem seu amor era eterno — como a musa anterior, e a anterior a ela, e assim sucessivamente — bom digamos que sim. Eterno de maneira fugaz. Percebeu então que não deveria mais alcançar musa alguma, pois estas, de tal forma, perderiam seu posto de musas e ela, oh pobre, perderia sua inspiração, conjectura elaborada pela própria após vários fracassos e mortes. Maldita! Por que não pode apenas continuar sendo bela e misteriosa? Mas dessa vez, encontrou sua musa definitiva. Longínqua, bela, misteriosa; inexistente.