Fuligem cresce no peito. No meu peito.
E o céu no azul do horizonte se enfraquece,
a treva forma, por fim, a tempestade
sem chuva e vento num quadro que esvanece.
Saudades sinto de um mundo embalsamado
nos livros mortos, nos livros das estantes
no canto vago do quarto de dormir,
no vago tempo que lembro-me distante...
Fuligem cresce no peito, no meu peito.
E o vento sopra o meu rosto que tão pálido
só serve a um fátuo rapaz sem destino
que rege os sonhos, romances, livros tácitos!
Livros tácitos, sonhos e os romances,
mas quem me dera o segredo das pessoas...
Se caso houve-se, quem dera, minha chance
de um anjo enfim eu roubar do paraíso.
Fuligem cresce no peito, não falei?
E enfim só sei que em meu caso o meu remédio
é simples como um desenho de criança,
só uma moça tirar-me do tédio...