segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Castelo de Fumaça

No castelo que eu quis viver,
Construído com cinzas de cigarro,
Nas falas que você não quis ter,
Fiz fumaças e estragos.
Nas coisas que sonhei com você,
Fiz de ódio ordinário.
A crescer no peito, que pregado, tende a enlouquecer.
No brilho vagabundo das lanternas de promessas,
Nas juras incontidas na nicotina dos lábios.
Eu fiz vários planos, fiz vários fracassos.
Até a hora de moer tudo com as mãos.
No porão que virou meu quarto,
Nem o Sol resolveu me ter.
Pra quê brilhar a um sonho moribundo?
Nas muitas esperanças retalhadas,
De lágrimas espessas, de desarmo acuado.
Nas horas vagas em que recordo,
Rasgo a garganta e cravando no desejo amortecido.
Mordo com força teu lábio, e ejeto de todo o ar comprimido.
Vou assassinar você um dia a mais.
Enquanto esse desejo viver,
Hei de te fazer morrer em mim.
Mesmo sem querer parar, sem parar irei te fazer partir.
Até a portas dos fundos das minhas costelas moídas.
Até o pó dos ossos queimados e vivos.
Nem uma gota da sua fumaça queimará naquele que te amou,
Mesmo no fim não tendo o que não tendo quis.


by: Nathani Valvazori