Eu sou a criança feia que o mundo rejeita. Sou a angústia e o rancor. Eu sou dor. Sou a voz muda que em silêncio chora a humilhação. Sou a dormência da vida, a vida vazia, o olhar sem vida. Eu sou dor! Sou a companhia mal acompanhada. Os sonhos de quem já não acredita em nada. Sou a solidão e o medo do amanhã que, juntos, se suicidam pela madrugada. Sou assim, o apelo pelo fim, o fim que nunca chega antes da última esperança desacreditada. Eu sou aquela que não acredita mais no amor, porque sou a dor. Sou a filha que a mãe rejeita. O rosto que a falsidade beija. Sou incompreensão que a compreensão descarta. O apagar de uma estrela. O vinho que entorpede a consternação, quando tudo que se tem é ilusão. Mas, no final, sou apenas aquilo que se descarta por não ter valor. Muito prazer, meu nome é Dor!