terça-feira, 21 de julho de 2009

Cachos

Cabelos cacheados perfeitos,
presente de genes tão raros,
são cachos de enlevo, de amparo
de números mágicos feitos.

Os números, fórmulas máximas,
de tudo, de todos no tempo.
Seus cachos refletem o intento,
de um mundo girando sem lástimas.

Cabelos cacheados, são ondas
de ventos e sons tribuzanos,
oceano perdido, um cigano
nas eras reboja, desponta.

Despontam de seus cachos estórias,
de mundos d'antanhos, de povos,
tais rostos me lembram os novos,
tais cachos remontam memórias.

Seus cachos são cachos apenas,
mas mostrarão pr'a mim, ao tocá-los
milhares de coisas, centenas
são mundos e espero alcançá-los.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tempestade

Hoje, permitirei o choro.
Não esconderei meus sentimentos ou fingirei que tudo está bem.
Hoje, gritarei e quebrarei os móveis.
Permitirei a paralisação; não sentirei nada.
Simplesmente jogarei tudo fora.
Sem medos, sem reservas.

Deixarei que a loucura invada a minha razão.
Serei medo, serei grito.

Hoje, não importa quem está aqui,
Não importa quem encontrarei
Ou quem por mim espera...
Hoje não importa o tempo, as palavras, o carinho.

Deixarei que a chuva me molhe,
Que o silêncio me cale,
Que a dor me faça chorar.
Sentirei raiva, melancolia, aflição...
E não me culparei por isso.

Serei eu; um barco a navegar em meio à tempestade.
Já não há o que dizer, o que fazer, o que querer...

E depois,
Ah... o depois!
O depois será quieto, o céu se abrirá,
A tempestade cessará.
Arrumarei meus destroços
E perceberei que sobrevivi
A mais uma tempestade dentro de mim.

Lamentos e lágrimas

Há horas em que penso
Que não vou suportar
Sinto tamanha dor
Tamanho desalento
Que o que há de bom em mim
Perde-se
Perde-se no nada
E o que resta?
O que resta é muito pouco
Pouco para amar
Para sentir
Para querer
Para viver
E no fim?
Ah, o fim!!!
Este é triste, frio, vazio.
Cheio de sinfonias mudas
Alegrias gélidas
Lamentos e lágrima.

Você lá e eu aqui

Não posso mais sonhar com você.
Não que eu não queira
Mas as possibilidades de estarmos juntas...
Perderam-se todas
Misturaram-se com as promessas que fizemos
E se perderam no mar dos acontecimentos

Não posso mais chorar por você.
Não é que não doa,
Mas a vida nos levou para lugares diferentes
Já não vemos as mesmas paisagens
Nem sentimos os mesmos aromas e gostos
Hoje é você lá e eu aqui.

Não posso mais brigar com o mundo,
Viver de ilusões.
Não é que eu tenha deixado de te amar
Apenas cansei de esperar por tempos tão longínquos.
Já não caibo em teu mundo...
Mas, ao certo que cabes no meu.

Colhemos hoje a escolha da espera,
As maçãs da saudade,
Os morangos da ilusão.

Já não somos mais o que éramos
E o que somos,
Onde estamos,
Para onde vamos.
O momento nos impede de ficarmos juntas.

Não é que não queiramos.
Queremos como aquele primeiro alvorecer
Queremos tanto, que o nosso querer chega a ferir...
Mas hoje,
É você lá
e eu aqui...

Mais uma vez

O tempo passa desordenadamente e eu acabo sempre aqui
Escrevendo para ti.
Falando em ti.
Pensando em ti.
Tudo mudou, menos este momento.
E quantas vezes pensei no que jamais acontecerá?
Criando situações em que de fato estamos juntas...
Mas o acordar é triste.
E perceber que o fim existe, mesmo que cada voz, cada pedido, seja por ti.
Isso não me impede de escrever.
Mesmo que você não saiba.
(Mesmo que nunca vá saber).

Resquícios de uma Partida

Disseste-me que ficaria tudo bem,
Mas não ficou.
Fizeste-me promessas que não pôde cumprir.
As coisas foram acontecendo.
E no final quase não nos falamos mais.
Prometeste-me que estaria aqui,
Que sempre estaria aqui por mim.
Mas eu estou só.
Sozinha como nunca estive,
Sem saber o que se passa comigo
E precisando desesperadamente de ti.

Tu foste.
Eu fiquei.
E descobri que a dor de quem fica é muito maior.
Descobri que tem coisas que simplesmente não podemos mudar,
Que alguém sempre tem de partir,
Mesmo prometendo ficar.

Não estás aqui para segurar a minha mão,
Para me fazer sorrir, mesmo entre lágrimas.
Não estás aqui para ser meu porto seguro,
Para dar-me inúmeras razões para continuar
(como só você sabe fazer).
Não estás aqui para cantar até eu dormir.

É, eu falei que ficaria tudo bem,
Mas não ficou.
Falei que superaríamos qualquer coisa,
Mas não é tão simples assim.
Preciso de ti...
E nem ao menos posso te dizer isso.
Mas, o que eu deveria ter dito era...
Que o teu lugar era (é) aqui;
Que nada mais é o mesmo depois que tu foste;
Que odiei dizer-te adeus;
Que odeio a tua ausência.

Mas, quando nos falarmos,
Fingirei um sorriso qualquer,
Perguntarei sobre a tua vida,
Segurarei as lágrimas...
E direi que está tudo bem.
E sentirei a tua ausência no silêncio ensurdecedor que me feri a alma.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Relento

Esses mundos internos, meu universo,
em que desbravo pensamentos,
nesse mundo de etéreo sentimento
de memórias criadas que conservo.
Todo um mundo trancado vou fazendo,

feito uma Deusa, em meu trono os observo,
e montando as histórias me disperso
ao moldá-las e vê-las se mexendo...
Nesses mundos internos eu sou Deus,

bem os crio sem tocar com dedos meus,
como uma jovem que inventa a sua paixão.
E por mais qu'eu recrie meus paraísos,

serão apenas uns fumos tão imprecisos
comparados à externa vastidão!

Revel

Um mundo escuro, sem futuro
bem rege os erros que me cercam
sem ar no vasto me esconjuro,
sem voz revolto ao que disseram...
Sem ar, sem cor, sem voz no escuro

sem velhos sonhos; a sós me velam.
Se ter um Dom ao qual procuro,
sem ter segredos que me esperam...
Um cinza em fel, d'um amargor,

que piso cada dia enfim...
Diante e só, só para mim...
Um mundo vão, com seu torpor,

e cada vez que piso ao léu,
minh'alma sangra o azul do céu!

Chances

Esse mundo de chances é encharcado,
feito nuvens chovendo a revelia,
feito um conto de fadas, fantasia
que bem torna concreto o resultado.
Tantas vidas vivendo na utopia

da alegria, tão felizes venturados,
são os espertos ourives premiados
c'o palpável- co'as chances - co'a alegria!
Olho o mundo com olhos sepultados,

em meus medos, meus traumas amarrados
em meu cais, bem... Jamais eu partiria...
Poderia partir, bem... Eu queria...

Mas acabo sentada e amargurada,
vendo tudo levar-se em ventania.

Realidade²

São desejos ilusórios,
fantasias em mel, deleite
para a criatura, bel enfeite
de momentos merencórios.


Foram cores tão bonitas!
Reluzindo num anelo
de um sonhar belo, tão belo
de tão real! Tal Moldavita...


Fora um mundo paralelo
de delícias, de desejo
nesse sonho que bem vejo
em lábios de caramelos...


Ilusão num peito aflito,
de um cinzento, de um concreto
desespero falso e incerto.
Ilusão, pois bem, repito...


Como tudo no universo,
que reflete outros lumes,
esse brilho que assume,
um reflexo, fato inverso...


Essas cores, essa graça
que me tanto extasias
e resume em fantasia
numa jóvem tão sem graça!

Realidade

A minha namorada, pedaço de rosa,
a boneca de tanta beleza,
era verso, também fora prosa
que mostrava com tanta destreza.


Mas não vale ter a inteligência,
se consigo mesma a conciência
bem lhe faz ser fraca ao seu impulso,
aos seus atos tantos tão confusos.


A minha namorada, pedaço de tudo,
o universo pousado em seu colo,
um amor perfeito e como tudo
,vai ser dor ao cair frio nesse solo.


Mas não vale assim só, se envolver,
no inseguro jogo metabólico,
as aminas sempre irão vencer
quem é fraco no campo lógico.


A minha namorada, fracasso no jogo,
perdeu-se, fácil pelo logro
do etanol... Fácil o proveito,
para todos, tal desse jeito.


Os amigos são falsos bem quando
a vantagem permite vitória
hedonista demônios se usando,
sem deixar um registro em memória.


A minha namorada de certo contou,
a inocência quebrada aos frangalhos,
e segundo a sua certeza, só uns malhos
acorreu e mais nadinha se ousou.


Mas seus olhos mostravam mentir,
como sempre não teve certeza
e esperava assim se iludir...
Não foi a única vez, nem primeira.

Apenas hoje...

Não diga o que devo fazer!
Não me mostre o que não quero ver!
Apenas sente-se ao meu lado, ouça essa canção.
Escute-me, não diga nada, não quero soluções.
Pela janela vejo as luzes, lá longe alguém canta.
Por isso não diga nada, apenas escute-me, preciso desabafar.
Não diga o que eu não posso fazer, não diga o que não quero ouvir.
Apenas hoje...
Finja que entende o que eu digo, finja que escuta o que eu falo.
Não vá embora caso eu tenha uma crise, olhe nos meus olhos, mas não diga nada, qualquer palavra, e toda magia acabará.
Apenas passe as mãos pelo rosto, segure meus cabelos, me beije, não sussurre nada em meu ouvido...
Apenas hoje... Vamos fingir que nada mudou.
“Mais do que palavras”, sem a interrupção do ontem nem do amanha!

Perdão!

Eu não queria dizer aquilo, mas saiu.
E ai? Não posso mudar o passado.
Há essa hora minhas palavras já não me pertencem, pertencem ao mundo.
Mas o que eu posso fazer a não ser te pedir perdão?
E o que pior tu podes fazer a não ser me odiar?

Querer... eu não queria!

Mas tive que seguir, mesmo sem saber onde iria chegar.
Apenas não queria percorrer caminhos já trilhados.
Não queria somente chegar onde outros chegaram.
Queria mais... Queria o meu próprio caminho,
Pisar onde ninguém havia pisado,
Sentir o que ninguém havia sentido.
Não sei se alguém encontrou a trilha que deixei...
Mas eu encontrei o que queria!

É a vida...

Me acorde, mãe! Meu mundo e cobertor
é o vasto, mãe, não importa que o rancor
do asfalto corte os olhos que contenho
eu tenho ao vasto, estrelas... sim! Eu tenho!
Me acorde, mãe! O lençol azul e densso
de mares frios, de nuvens... Tais condenço
dobrando em bol leve, que de ar,
eu posso ver por trás, estourar...
Mãe, a infância toda fora pelo esgoto,
as suas estórias foram no meu rosto.
Ficaram pregadas, como foram depois
uns tantos livros; aulas mais... depois.
O mundo cruel que vejo, no qual vivo,
de gelo e de sol, na dor com a qual convivo
no breu e na luz também fui bem feliz...
Mãe, eu sou feliz assim... Eu sou feliz...

Nosso Lugar.

De onde vem essa tristeza?
Vem tão devagar
Traz lágrimas para os meus olhos
E palavras para os meus versos
E uma vida inteira passa por mim...
Muitas lembranças; não consigo aliviar
A saudade qeu tenho delas.
Por hora farei uma prece
Para todos vocês, queridos amigos.
Não posso vê-los ou tocá-los
Mas mesmo quando nos amarram,
Não nos podem impedir de sentir.
E o amor me mantém viva.
Amor é esperança.
A mais louca e absurda esperança
De ter algum dia
O que não tenho agora...
Quando encontramos nosso lugar,
É fácil ver o que incomoda.
E então, choramos,
Por que éramos felizes.

Meu nome é Dor!

Eu sou a criança feia que o mundo rejeita. Sou a angústia e o rancor. Eu sou dor. Sou a voz muda que em silêncio chora a humilhação. Sou a dormência da vida, a vida vazia, o olhar sem vida. Eu sou dor! Sou a companhia mal acompanhada. Os sonhos de quem já não acredita em nada. Sou a solidão e o medo do amanhã que, juntos, se suicidam pela madrugada. Sou assim, o apelo pelo fim, o fim que nunca chega antes da última esperança desacreditada. Eu sou aquela que não acredita mais no amor, porque sou a dor. Sou a filha que a mãe rejeita. O rosto que a falsidade beija. Sou incompreensão que a compreensão descarta. O apagar de uma estrela. O vinho que entorpede a consternação, quando tudo que se tem é ilusão. Mas, no final, sou apenas aquilo que se descarta por não ter valor. Muito prazer, meu nome é Dor!

Meu nome é Luto!

Sou o luto de um amor proibido.
O luto e as lágrimas que a distância faz correr quando se perde uma irmã, uma amada, uma amiga!
Sou o luto de quem viu sua esperança ser a primeira a morrer.
O luto, que em luto, tenta juntar forças para lutar contra o mundo.
Isso já não é mais absurdo!
Sou o luto que queima com a vela, que vagarosamente dá espaço a escuridão.
Sou o luto do amor amado, mas ausente.
Sou sempre o ausente.
Nunca o presente.
Mas, quem haverá de sentir saudades da gente?
Me chamem assim: Luto!
Não preocupe-se comigo mais do que eu mereça.
Deixarei tudo com está.
Levantarei a cabeça.
Deitarei, dormirei...
Quem sabe ali, ela venha...
Quem sabe ali, os abraços e beijos não sejam reprimdos.
Quem sabe, no meu mundinho, o amor seja livre...
Isso não é o fim.
Apenas viramos a página.
Apenas, meu amor.
Você estará lá,
Eu continuarei no mesmo lugar de sempre.
Estarei esperando,
Estarei rezando,
Estarei como sempre estive... te amando.
Mas, até lá, não diga meu nome pelas ruas em voz alta,
pois meu nome agora é Luto.
E, Luto causa pesar.
Apenas lembre-se de mim como
Alguém que de passagem chegou em sua vida,
Mas teve de partir antes da aurora.
E, antes mesmo do alvorecer,
Estarei perpetuamente, ainda que não vejas,
ao teu lado!

Rima e Poesia

Inverta-me,
Vire-me do avesso e, ainda assim,
Encontrar-te-ás refletida em minh’alma.
Em emoções, embaraça-me a pele;
Em êxtase, desfaleço e renasço.
Nas linhas que o tempo deixou-me usar
Repouso meus sonhos em teus braços de amor.
Em ânsias tão almejadas,
Eis o ninho de minhas utopias.
Colho teus sorrisos!
Traga-me a melodia suave do teu sentir!
Embrenhando-me voluptuosamente em teus segredos,
Desfaço-me de meus medos.
Atenda aos apelos de minh’alma em desassossego,
Resplandeça no poente de minha esperança renascida,
Faça-me rima e poesia.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Do Nada ao Tudo

...Hoje vejo que sou meramente Nada,
Um Nada aprendendo Tudo,
Absorvendo o mundo,
Achando caminhos...
Foram-se meus dias de Inverno,
De auto-proteção,
De refugiar-me em mim mesma,
De omitir das minhas veias
O fogo que corre no meu gelo.
Com toda a tua gentileza
Retiraste a carapuça dessa Ermitã,
Fizeste-me Fogueira...
Liquidifiquei-me:
Do gelo efêmero ao vapor.
Do líquido ao fogo,
Tuas palavras ali,
Derretendo minha geleira,
Aquecendo o meu Inverno
Com fogo,
Com amor.
Do Nada ao Tudo.
Preciso de ti.