quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tardes de Inverno

Flores e árvores quietas
Ao som do silêncio apagado
Nas cores mornas de um dia tão frio
Pela luz fraca dessa rotina
Palavras secas como folhas de outono
No frio constante de tardes de domingo
Pela pacata atividade de me entreter
Pensar, e somente prever o olhar
Olhar para a vida parada
Distante, acomodada e farta
Às vezes com calma, temendo ao fracasso
Às vezes impaciente, dando longos passos
Mansas tardes de inverno
Onde me ponho a entender
Coisas que a vida insiste em me falar
Por meio de palavras mudas
Pensando em textos de auto-ajuda
Uma dose de tudo para me esquecer
Do desgastante vício de mergulhar no meu infinito pesar.

Reflexão

Hoje, simples e calada.
Antes, jovem e sempre armada.
Convicções, erros, ilusões.
Um pacote de idéias distorcidas.
Uma história de vida vencida.
Um monstro de teorias.
E uma breve expectativa.
A vida corria sem pressa.
Ou talvez sim, talvez depressa demais.
Cartazes, folders, informações.
Da bala perdida um alvo, o coração.
Solidão, no meio termo da ilusão.
Tentando lembrar quando chegar.
A que horas parar.
Que caminho seguir.
Se pegar um atalho ou simplesmente
Esperar, esperar e esperar ...

Saudade

Hoje, não mais que ontem.
E sei também que amanhã sentirei mais frio antes de dormir.
Sentirei mais vazio.
Quem sabe até um pouco mais de nostalgia.
Deduzirei estar doente, sentirei uma forte dor.
Os dias serão mais longos e frios.
Atrairão o medo e aumentarão a intensidade de tudo.
Me perderei sem mais vaidades,
Na ânsia de querer por perto e esperar por dias como estes.
Severos serão os dias chuvosos.
Longe, sei que a vida não terá cor.
A respiração forçada se torna tão sufocante.
E o coração parece descansar...
Pulsando lentamente, lutando pra sobreviver.
Sabendo que a qualquer momento poderá cessar.
Pulsar, parar, pulsar ...

Escrever

Escrever é um pouco como absorver-se em pensamentos.
É chorar, sorrir, dilatar-se em palavras perfeitamente engenhadas.
No profundo da inconsciência que traz o passado, o presente e o futuro.
Assim como cortes profundos ainda expostos.
Escrever é exalar a essência e a cor da alma.
Em folhas pautadas de amor ou dor.
O conteúdo já não importa, quando elas simplesmente surgem.
É crescer, criar outros mundos, mas é também renascer.
Explorar a si mesmo, visitar lugares nunca imaginados.
Criar outras reflexões, exteriorizar sentimentos.
Conceder, agradecer e soprar argumentos aos quatro ventos.
Navegar em mares profundos de sabedoria substancial.
É também desabafar pra sobreviver.
É também temer...
Escrever é muitas vezes fugir, se refugiar dentro de si.
É buscar-se em uma caverna escura e sombria.
Escrever é um pouco como alimentar-se.
O poeta quando tem fome alimenta primeiro a alma.
Depois se diz satisfeito atrás de uma pequena xícara de café.
Vaidoso ao observar suas palavras em trêmulas letras.
Escritas no velho papel pautado que um dia usou.

Sombra

Eu não mais enxergo aquele meu rosto...
Todo o meu falar calou e foi perdido lá nos vendavais de velhos desgostos;
Folhas de um futuro estranho e vencido.
Traços de um amor do ontem, retido todo num sonhar; ferrugem é o seu gosto.
Traços de uma viajante estranha e esquecida, que voltou em um fim decomposto.
Já não mais enxergo aquilo que escrevo:
Esta má melodia de tempos amigos, este manuscrito de vis tatuagens.

A Bailarina

São sardas de fogo numa noite sem estrelas.

A pequena bailarina dança em meio a turba confusa de vidas;

Ela dança envolvida em um silêncio de mundo com seus gestos e formas.

É ela apenas um facho de sonho perdido, na festa que o breu contorna.

Sozinha no vasto de um céu em meio a tantas luzes apagadas por sóis.

Só e sozinha no vasto de um céu qualquer, que a envolve em sóis e no breu a deforma.

São sardas de sonhos em uma noite eterna, dançando feliz numa festa fútil;

É só a vida de alguém afogada em vidas...

Uma menina alegre, que transparece e aparece nos meus olhos ofuscados;

Ela é como um farol vivo, como girassol.

É estrela que brilha longe e tão terna, distante desse mundo que a envolve tão inútil.

É uma estrela que brilha tão forte que se esgota e se apaga, esquecida, como um sol que abandona todo aquele Mundo que um dia iluminou.

O Mundo que um dia desejou.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Consertar Você


Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.
Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.
Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.
Preso em marcha ré.

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.
Quando você perde algo que não pode substituir.
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado.
Pode ser pior?

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei, consertar você

Bem no alto ou bem lá embaixo.
Quando você está muito apaixonado para esquecer.
Se você nunca tentar, nunca vai saber.
O quanto você vale.

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei consertar você

Lágrimas rolam no seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas rolam pelo seu rosto
E eu...

Lágrimas rolam pelo seu rosto
Eu te prometo que vou aprender com meus erros
Lágrimas rolam pelo seu rosto
E eu...

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei, consertar você
 
Por: Cold Play

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Superação

Superei o insuperável; suportei o insuportável.



Sofri o que jamais imaginaste.


Andei pelo inferno, entre conflitos existenciais.


Valores mutáveis; idéias lastimáveis.


Depressões deterioráveis.


Vi a lágrima cair de um rosto inocente e triste; fatigado.


Sobre os fracos causei decepção.


Manipulei a verdade.


Usei minha dialética... em vão.


Senti a regressão, os traumas, o tempo, o vento,a solidão.


Aprendi a amar, a ser sã...


A pensar e não andar em círculos.


Compensei erros, removi pedras.


Adeus ao lado vil.


Procurei por isso entre navios e naufrágios.


As fatalidades me ensinaram a tecer.


Sinto-me atraída por pensamentos extensos.


Caminho sem pedras em meu caminho porque sei o quanto vale ]


cada instante perdido em labirintos escassos, onde a vida não aplaude.


Os humanos se recolhem sem verdades...


Não vale a pena orgulhar-se de si fazendo o próximo sofrer.



Olhos

São olhos que carregam os abismos,

portais de aberrações esquecidas

no termo dos maus sonhos, são feridas,

são as feridas encobertas de cinismo.

 
São olhos que num antiluminismo

apagam as verdades que vencidas

se esquecem num cáustico ciclismo

e em um redemoinho. Vai-se sua vida!

 
Olhar de descaminho e indiferença,

que ergue-se nas torres mais errantes,

mais distantes dos rumos os olhos cegos.

 
São olhos que criados na violência,

tomou no seu crescer por relevante

o Ódio e co’ rancor fincou-lhe a pregos.


A Marionete


Andas nas culpas de seus pais,



erras por eras; seu tormento


finca na dor, sem cabimento,


chagas e medos imortais.






Obsessiva tens teu alento,


em teus vestígios materiais


que te corroem, os pedestais


de teu infeliz discernimento.






És a perpétua marionete,


de um sentimento corrosivo:


uma tormenta e nada mais.






E do passado que tiveste,


só foi de alguém que esteve vivo,


que não foste tu jamais!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O homem e o poeta

O homem viril, forte, senhor de si
O poeta da sedução, da dor, do amor
O homem tem medo de chorar
O poeta chora em palavras

O poeta se esconde em versos não reais
O homem busca saciar instintos em momentos tais
O poeta encanta mil corações,mas é anônimo à fonte de inspiração
O homem detém o corpo da mulher,mas não o coração

Falta um Q de homem no poeta
Falta o poeta no homem

O homem perde a companheira aos poucos
O poeta a ganha só no campo das ilusões
O homem sente falta de ser poeta
O poeta clama um pouco o instinto do homem

O poeta escreve o que o homem não tem coragem de dizer
O homem designa ao poeta ser o que ele queria ser
O poeta agora também perde quem gosta,por só escrever

O homem traz o frio dentro de si,e fica sem saber o que fazer
... por perder quem o completa
... porque só quis ser homem sem ser poeta.

O poeta agora escreve palavras mortas...
...e tenta reviver o amor post mortem
...porque quis ser poeta, sem ser homem.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Primavera


Deitados na beira do mar, ouvindo o barulho das ondas.
Vejo as estrelas no céu e o seu reflexo no chão.
Sei que o mundo é redondo e dá voltas,
Não importa quanto tempo demorar a sua rotação.

Pra quê tentar correr no sentido ao contrário,
Se o mundo gira em torno de nós?
Preste atenção, Meu Amor, no que os pássaros irão cantar,
Pois chegou a primavera!

E como um beija-flor, em um jardim eu irei te levar.
Vamos viver livres e soltos, sem ninguém pra nos ameaçar.
Eu vejo um mundo de glória, de paz amor e respeito!
É como se fôssemos beija-flores: tudo se resume num beijo!

Pra quê tentar correr no sentido ao contrário,
Se o mundo gira em torno de nós?
Preste atenção, Meu Amor, no que os pássaros irão cantar,
Pois chegou a primavera!