terça-feira, 28 de agosto de 2012

Força

Há uma força dentro de mim
mas não sei dizer o que é.
Há algo dentro de mim
que me mantém em movimento,
que me empurra para frente,

sempre e sempre.
Mesmo quando estou em trevas
mesmo quando estou em lágrimas
sufocada,marcada,rejeitada.
Já não sinto meu orgulho;
ele está tão frágil quanto as asas da borboleta.
Já não tenho braços,
pois de tanto tentar,eles foram cortados.
Já não tenho pernas,
pois de tanto buscar meus sonhos
elas foram arrancadas pela realidade.
O que tenho
é apenas um coração amargo
com lembranças tristes;
uma alma mergulhada em tristeza e lágrimas
que já possui dificuldades em sustentar meu corpo.
Mas há algo dentro de mim
que me mantém vivo.
Talvez seja a Vontade,
com seu motor incansável,
talvez seja a Esperança
com suas palavras confortantes,
ou talvez seja a Força
que nunca deixa seu hospedeiro desistir.
Talvez sejam todos eles juntos.
E é por isso que estou aqui,
escrevendo essas letras
enquanto choro;
pois ainda tenho forças.
Não há tempo para parar e chorar
e fazer lamentações;
é preciso lamentar e chorar
ao mesmo tempo em que se anda para frente.
Pois no mundo,apenas são vencedores
aqueles que conseguem continuar,
mesmo com feridas,com dor
e com lágrimas.
E há algo dentro de mim
que me mantém viva,
que me mantém andando
que me mantém lutando.
Sempre em frente!

Quando tudo passar!

Não vire o rosto assim,
sei que algo está errado;
não minta para mim
pois a tristeza que estava escondida
agora faz ninho em seu rosto
e lhe impede de sorrir.
Não pense que vou embora
e lhe deixar sozinha
em meio a tempestade;
isso não seria justo.
Sempre andamos juntas
e não será agora,
nesse teu momento de fraqueza,
que irei lhe abandonar.
E quando tudo passar
lembrarás do dia
em que lhe dei meu abrigo
e lhe revivi com a esperança e alegria.

Mais uma vez.

Sombras

Faz tempo que estou aqui,
olhando o abismo.
Há algo que me impede de pular,
de ir embora.
Há tempos viver tornou-se apenas um fardo.
Não tenho o que quero
não sou quem quero ser
não estou aonde quero estar.
As vezes perco a vontade de falar.
Estou encolhendo.
Em alguns momentos
percebo a vida escorrendo entre os dedos,
quando levanto para trabalhar
para estudar
para fazer o que faço apenas por sobrevivencia.
Mas para uma existencialista,
viver apenas não é o bastante.
Aos poucos,
percebo que sou uma colher
sendo usada para abrir uma porta;
fora do seu contexto
do seu lugar certo.
E se em algum tempo
eu não for para o meu lugar,
não haverá motivos para estar aqui.
Em todos esses anos
fui apenas uma sombra;
e se continuar assim
irei parar de resistir
e pularei no abismo.
Não estou feliz por escrever estas linhas
mas faz tempo que estou gritando por dentro.
Talvez,sejam estas as ultimas linhas.

Reencontro



Tão calmo
Tão escuro
Vento que tira meu calor
E expulsa a minha certeza
Solidão que me mantém viva
Porém, latente, me tira a vida
E foi embora
Perdeu-se na poesia do próprio sentido
E dispersou os olhares impacientes
Mergulho no inconsciente para esquecer
Para descansar para pausar a vida
E refletir sobre o que foi e o que será
Sei que se escolher a esquerda  serei alvo de injúrias
Se escolher a direita serei alvo de críticas
Se for para cima serei apedrejada
Se for para baixo serei alvejada
Todo aquele que baseia seu ir e vir
Seu ser e não-ser
A partir dos olhares dos outros
Acaba perdendo a si mesmo
Encontrei-me quando perdi os outros
E me deixei levar pelas linhas do escrever
E encontrei descanso dentro do meu pesar
Do meu refletir e do meu amar.

Pedido

Alguém me ajude os meus gestos se foram,
fiz tudo que pude e os meus traços revoam
ao longe, pessoas e lugares tão vivos
que guardam e entoam seus passados esquivos.
Me ajude a voltar para o sol do meu mundo,
perdi-me no mar com seus sóis vagabundos...
E as cores que tenho, sem luz, se perderam
e o resto mantenho nos céus que esqueceram.
Alguém me ajude que a turba me arrasta
meu rosto e alaúde no sal se desgasta
e o mar que me leva co’as almas correntes
me leva pra Treva e dilui minha mente.

Passagem

Eu não mais enxergo meu rosto... Todo o meu falar calou e foi perdido lá nos vendavais de velhos desgostos, folhas de um futuro estranho e vencido.

Traços de um amor ao ontem retido todo num sonhar; ferrugem é o seu gosto... Traços de viajante estranha e esquecida,  que voltou n'um fim decomposto.

Já não mais enxergo aquilo que escrevo, esta má melodia de tempos amigos, este manuscrito de vis tatuagens.

O Som do Silêncio

Olá escuridão, minha velha amiga
Vim conversar com você de novo
Porque uma visão um pouco arrepiante
Deixou sementes enquanto eu dormia
E a visão que foi plantada em meu cérebro
Ainda permanece dentro do som do silêncio

Em sonhos agitados eu caminhei só
Em ruas estreitas de paralelepípedos
Sob a luz das lampadas da rua
Levantei minha lapela para me proteger do frio e umidade

Quando meus olhos foram apunhalados
Pelo brilho de uma luz de néon
Que rachou a noite
E tocou o som do silêncio

E na luz nua eu vi
Dez mil pessoas, talvez mais
Pessoas conversando sem falar
Pessoas ouvindo sem escutar

Pessoas escrevendo canções
Que vozes jamais compartilharam
E ninguém ousava
Perturbar o som do silêncio

"Tolos" eu disse, "vocês não sabem
Silêncio é como um câncer que cresce
Ouçam as palavras que eu possa lhes ensinar
Tomem os braços que eu possa lhes estender"
Mas minhas palavras caíam como gotas silenciosas de chuva
E ecoavam no poço do silêncio

E as pessoas curvavam-se e rezavam
Ao Deus de néon que elas criaram
E o sinal faiscou o seu aviso
Nas palavras que estava formando

E o sinal dizia,
"As palavras dos profetas
Estão escritas nas paredes do metrô
E nos corredores das casas"
E sussurravam no som do silêncio
 
By: Simon & Garfunkel