sábado, 12 de setembro de 2009

Amável Pássaro

Eu era apenas uma garota de sonhos.
Tinha um pouco de luz nos olhos e sorriso fácil.
Corria pela alameda cinzenta,
Fazendo apostas pueris para chegar.
Imaginava vidas lá fora, filmes de fantasia...
Até que te encontrei...
Um pássaro machucado,
Com asas aparadas por alguém, ou por si mesmo.
Olhos profundos, esquivos,
Mas perfeitamente legível para mim.
Então, não resisti.
E comecei a traçar sonhos, correr menos,
Esperar saídas.
Senti uma vontade incontrolável de proteger-te.
Estar, somente.
Busquei por caminhos que levassem meus dedos aos teus,
Tremi sem ar; tua barreira cinza frenou-me.
Mas te encontrei, então.
Não ousava mais voar; um medo traumático.
Tentei me convencer de um pressentimento;
Sensação conhecida.
Arriscar era a única escolha; e ela foi tomada.
Poesias e gestos, esperas intermináveis.
Esperanças douradas... puro devaneio.
A barreira agora é negra, nefasta.
E amputou-me os braços:
Doce e cruelmente.
As lágrimas da menina brandaram à escacez.
E agora, sou a menina amputada,
Fria como granito branco.
E tu começas a bater tuas asas, sem ameaçar voar...