terça-feira, 13 de agosto de 2013

Passageira Sombria




Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida; há palavras de morte
Há palavras imensas que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras noturnas e palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis à boca
Palavras diamantes, palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos conosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais: só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.